A Verdadeira História sobre a Música Gloomy Sunday
Escrita pelo pianista Rezsö Seress, a música foi considerada
a causa da morte de centenas de pessoas em uma das lendas urbanas mais famosas
da década de 1940.
Presente em diversas culturas, a música é uma das manifestações artísticas mais
queridas da humanidade. Com diferentes letras e acordes, as melodias têm o
poder de influenciar a forma como nos sentimos e, em alguns casos, como nos
comportamos.
Intitulada Gloomy Sunday, a composição do pianista húngaro
Rezsö Seress é considerada uma das canções mais tristes de sua época. Conhecida
pelo ritmo lento e pela letra melancólica, ela foi ligada à diversos boatos na
década de 1940.
Foi inspirado nas tragédias da guerra e nos pecados das
pessoas a sua volta que Seress criou sua obra, em 1933. Nos anos seguintes,
a música passou a ser conhecida como a ‘canção húngara
do suicídio’ e chegou a ser proibida na Europa.
Tristeza e solidão
Morando em Paris, Rezsö Seress sonhava em se estabelecer
como compositor. Assim, em 1932, ele começou a rascunhar a letra de Gloomy
Sunday. O mundo passava pela Grande Depressão e, como se isso não fosse o
suficiente, a Hungria estava sob intensa influência do regime fascista.
Ainda que parecesse preocupado com o futuro da humanidade,
muitos especialistas afirmam que a maior preocupação de Rezsö Seress tinha
outro nome. Nesse sentido, acredita-se que a grande motivação da letra vinha
das melancolias pessoais do artista.
Dessa forma, em 1933, a polêmica Gloomy Sunday surgiu,
denunciando as injustiças da humanidade. A versão do húngaro, no entanto,
tornou-se obsoleta quando outras surgiram, tratando de diferentes temas,
através de outras letras.
Amor doloroso
Publicada ainda no mesmo ano de 1933, a letra do poeta
László Jávor é a versão mais conhecida de Gloomy Sunday. Para a canção, o homem
inspirou-se no término de seu relacionamento e produziu uma música verdadeiramente triste.
Tamanha foi a comoção causada pela melodia, que várias
lendas urbanas surgiram a partir da canção. Tudo piorou quando, 35 anos depois
de criar a música, Rezsö Seress cometeu suicídio, em 1968.
Para muitos teóricos da conspiração, que já caracterizavam a
música como uma canção suicida, esse foi o atestado de que, de fato, a melodia
deixava as pessoas transtornadas. Foi assim que deu-se início a uma comoção na
Europa.
Tragédia anunciada
Não demorou muito para que, em meados da década de 1940, a
sociedade culpasse Gloomy Sunday pelos diversos suicídios cometidos nos países
europeus. De Budapeste a Londres, a música teoricamente varria toda a
felicidade do mundo e das pessoas.
Em Viena, uma adolescente segurava a partitura da canção
quando se afogou. Não muito longe dali, uma mulher teria morrido de overdose,
enquanto escutava a trilha em repetição e um homem teria se matado, deixando um
bilhete com o nome da música.
Embora as centenas de registros fossem realmente
impressionantes, diversos estudiosos sugerem outro motivo para os suicídios. O
mundo estava entrando na Segunda Guerra Mundial e muitas pessoas não viam outra
saída para a fome e a pobreza que se alastravam pela Europa — isso sem contar a
ascensão da Alemanha nazista.
Magia e maldição
Na época dos boatos, contudo, ninguém prestou atenção nas
justificativas mais prováveis, já que uma música amaldiçoada era muito mais
alarmante. Assim, não demorou até que a canção húngara fosse banida em alguns
casos.
A versão da norte-americana Billie Holiday, por exemplo, foi
proibida pelas redes de transmissão da BBC. Na época, o gigante grupo de
comunicação afirmou que a melancólica letra de Gloomy Sunday era prejudicial à
moral durante a guerra — ainda que nenhum estudo tenha comprovado a relação
entre a música e os suicídios.
Todas as proibições foram suspensas apenas em 2002 e, hoje,
é possível conferir algumas das várias versões da música na internet. Os
diversos boatos, inclusive, continuam sendo difundidos e geram mais engajamento
a cada publicação.
Modernidade insólita
Apesar de sua carga negativa, de sua melodia triste e da
letra trágica, a música de Rezsö Seress ficou tão famosa que diversos artistas
quiseram representá-la. Assim, a canção foi regravada por mais de 90 vezes
entre 1935 e 2017.
Em 1993, inclusive, uma das versões da música foi usada na
trilha sonora do longa A Lista de Schindler, de Steven Spielberg. Sua
existência e a polêmica por trás dela, contudo, divergem opiniões até hoje.
Enquanto, de um lado, muitos entusiastas das artes afirmam
que a música é linda e carregada de sentimentos, outros afirmam que ela não
passa de uma canção monótona, com letras e acordes deprimentes. A única certeza
é de que não, ela não causa suicídios.
Confira a música Gloomy Sunday — que não é amaldiçoada —
abaixo:
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